Golpe do Pix promete descontos de 90%

Golpe do Pix é um novo golpe que vem chamado a atenção no Brasil, onde criminosos se aproveitam do cenário de endividamento das famílias para aplicar fraudes envolvendo o Pix.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, oito em cada dez famílias brasileiras possuem dívidas em atraso, e é justamente essa situação que tem sido explorada pelos golpistas.

No Golpe do Pix, uma falsa central telefônica envia uma mensagem para pessoas com dívidas em bancos, apontando que, caso a dívida pendente não seja liquidada, seus bens pessoais serão confiscados por meio de uma “ordem de penhora”.

Em respectiva mensagem ameaçadora, vem embutida a solução do problema: a possibilidade de quitar a dívida com um desconto impressionante, que pode atingir até 90%.

A vítima, já abalada pela “possível” possibilidade de penhorado de seus bens, vê na proposta de “quitação” facilitada uma saída, a chance de resolver o problema em definitivo. O valor a ser pago, apenas 10% do total da dívida, o que passa a ideia de uma oportunidade única, uma solução milagrosa para um problema que parecia insuperável.

No entanto, essa aparente solução é, na verdade, uma armadilha bem elaborada. O medo inicial, seguido pela esperança de resolver a situação de forma vantajosa, coloca a vítima em uma posição vulnerável, tornando-a um alvo fácil para ser extorquida.

Golpe do Pix - Abaixo, mensagens enviadas pelos criminosos

As imagens foram cedidas ao Deus e Família por uma pessoa que, felizmente, não caiu no golpe.  

Conforme as mensagens ardilosas enviadas pelos criminosos, é possível testemunhar a tática de intimidação e manipulação. Eles lançam ameaças veladas e apresentam uma proposta de liquidação da dívida que é irrisoriamente inferior ao valor real do débito. Esta estratégia, astuta e deplorável, amplifica suas chances de sucesso no golpe.

Com o objetivo de seduzir suas vítimas, os criminosos utilizam palavras cuidadosamente escolhidas. Expressões como “decida-se” e “aja agora” são empregadas como gatilhos psicológicos, projetados para iludir e persuadir as vítimas.

Golpe do Pix - Outro caso relatado pela Gazeta

Uma aposentada de 56 anos relatou a Reportagem da Gazeta que, quase perdeu R$ 5 mil para criminosos que utilizam da mesma estratégia. A pedido da aposentada, a Gazeta colocou em sua matéria o nome fictício de Isabela Castro.

“Recebi uma mensagem no meu celular dizendo que meus bens seriam penhorados caso eu não pagasse uma dívida que tenho no Bradesco. Como eu realmente tenho uma pendência no banco, eu fiquei preocupada e liguei para saber o que estava acontecendo”, disse Isabela.

Isabela disse ainda que, ao tentar negociar a dívida por telefone, foi surpreendida pela grosseria dos supostos atendentes. Eles afirmaram de maneira áspera, que a dívida estava pendente há um longo período e insistiram que o pagamento deveria ser efetuado imediatamente, por meio de uma transferência Pix.

Durante a enganosa negociação, os criminosos apontaram que a dívida se originou de um cheque que havia sido devolvido há vários anos e que, devido aos juros acumulados, o débito havia escalado para mais de R$ 50 mil.

Na tentativa de seduzir a cliente, ofereceram um desconto impressionante de 90% sobre o valor total da dívida. No entanto, essa oferta vinha com uma condição alarmante: o pagamento deveria ser efetuado imediatamente, sob a ameaça de penhora de bens.

Como os bandidos tem acesso aos dados bancários das pessoas?

Em entrevista a Gazeta, para falar do Golpe do Pix, Carlos Afonso, Delegado da DCCIBER (Divisão de Crimes Cibernéticos), da Polícia Civil de São Paulo, apontou que os malfeitores conseguem habilmente se disfarçarem como instituições bancárias e financeiras, principalmente, por terem acesso a dados autênticos dos clientes, tornando suas ações ainda mais convincentes e perigosas.

Hoje, você compra um banco de dados na darkweb muito facilmente porque estes dados vão sendo vazados. Essas pessoas (criminosos) vão fazendo banco de dados com (informações sobre) conta bancária, crédito, CPF, nome, telefone, e endereço”, disse o delegado.

O que fazer quando receber esses tipos de mensagens?

É imperativo que tais mensagens não sejam respondidas“, enfatizou o diretor de uma das divisões regionais da Delegacia de Crimes Cibernéticos, ainda em entrevista à Gazeta. A orientação é que o cliente se comunique exclusivamente através dos canais de comunicação oficialmente reconhecidos pela instituição financeira, como o aplicativo bancário.

Idosos são as principais vítimas

O delegado do DEIC salienta que os idosos constituem a maioria das vítimas desse tipo de crime. “Este golpe, que se baseia na premissa ‘você tem uma dívida e vamos colocá-la em registro de inadimplência’, tende a afetar mais intensamente as pessoas com mais de 65 anos.

Isso acontece, principalmente, porque este público, sendo migrantes digitais, possuem menos familiaridade com a tecnologia e, desconhecem a prevalência de golpes realizados por meio da telefonia. Eles são, infelizmente, mais suscetíveis a serem enganados”, elucidou Afonso.

Em qual categoria se enquadra respectivo delito?

Em resposta a Gazeta, a secretaria esclareceu que, até o presente momento, não há uma categoria específica para este tipo de delito, o que impede a existência de estatísticas detalhadas sobre o golpe. De acordo com um documento da Polícia Civil, destinado a orientar vítimas de negociações fraudulentas, a recomendação é registrar um boletim de ocorrência sob a classificação “outros crimes“.

O delegado Carlos Afonso classifica o crime como “estelionato” e aconselha o público a manter-se cético em relação a ofertas de negociações recebidas por chamadas, mensagens e outros meios digitais

Fonte: www.gazetasp.com.br

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