A infertilidade feminina é influenciada por uma série de elementos, desde questões hormonais, passando por condições específicas de saúde como a endometriose e síndrome dos ovários policísticos, até fatores etários.
Tópicos abordados neste artigo:
ToggleConcepção
O processo de concepção inicia-se com a fertilização de um óvulo feminino por um espermatozoide masculino. Geralmente, esta fertilização ocorre cerca de 14 dias antes do início do ciclo menstrual, quando um óvulo é liberado de um dos ovários.
Posteriormente, este óvulo é transportado para a trompa de Falópio, onde pode ocorrer a fertilização. Se fertilizado, o óvulo prossegue a sua viagem até o útero, onde se fixa no revestimento endometrial, marcando o início de uma gestação.
A probabilidade de concepção para um casal jovem e fértil é de cerca de 20% por ciclo menstrual. Portanto, é considerado normal se a gravidez não for alcançada imediatamente.
Apenas após um ano de tentativas infrutíferas de concepção é que um casal é considerado como tendo potenciais problemas de fertilidade.
Infertilidade feminina e masculina
Em torno de 15% dos casais enfrentam dificuldades na fertilidade. No entanto, na maioria dessas situações, existem recursos, como as técnicas de reprodução assistida, que podem contribuir positivamente para superar esses desafios.
Os problemas de fertilidade nos casais possuem diferentes origens. Em torno de 30% dos casos, a causa reside na mulher. Em outros 30%, a origem dos problemas é encontrada no homem. Também existe uma parcela equivalente, de 30%, onde a dificuldade é detectada em ambos os parceiros. Interessantemente, em aproximadamente 10% dos casais investigados por infertilidade, nenhuma causa concreta é encontrada. Essa condição é denominada infertilidade ‘idiopática’ ou ‘inexplicada’.
Com a tendência contemporânea de planejar a maternidade e paternidade para uma fase mais avançada da vida, tem-se observado um aumento na incidência de infertilidade relacionada à idade, tanto em mulheres quanto em homens.
Causas da infertilidade feminina
A infertilidade feminina pode ser causada por:
- problemas de ovulação;
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- problemas com as trompas de falópio;
- problemas com o útero.
Problemas de ovulação que provocam infertilidade feminina
O processo de ovulação é regido por uma delicada interação entre várias glândulas e seus respectivos hormônios. O hipotálamo, localizado no cérebro, desempenha um papel central ao estimular a glândula pituitária a liberar hormônios que, por sua vez, ativam os ovários para o amadurecimento dos óvulos. Períodos irregulares ou ausentes no ciclo hormonal pode resultar em ovulação irregular ou ausente.
Um aspecto relevante na fertilidade feminina é a idade da mulher. Para uma mulher de 40 anos, por exemplo, a probabilidade de concepção é de apenas 5% a cada ciclo menstrual. Esta diminuição da fertilidade é frequentemente atribuída ao envelhecimento dos óvulos.
Deve-se ressaltar que a mulher nasce com um número determinado de óvulos, que ao longo do tempo, tendem a perder a sua viabilidade. Adicionalmente, mulheres com mais de 40 anos, enfrentam dificuldades adicionais, como um aumento no risco de aborto espontâneo e a maior incidência de anomalias genéticas no feto.
Síndrome dos ovários policísticos e infertilidade feminina
No processo de ovulação, pequenos cistos ou folículos são produzidos pelos ovários, onde geralmente um deles amadurece para liberar um óvulo. No contexto da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), no entanto, esses folículos falham em alcançar a maturação adequada, resultando em numerosos pequenos cistos na periferia dos ovários.
Esses cistos têm a peculiaridade de frequentemente secretar hormônios sexuais masculinos. A consequência desse fenômeno é uma alteração nos ciclos de ovulação e menstruação da mulher, que passam a ser irregulares ou até mesmo ausentes.
Trompas de falópio e infertilidade feminina
A fertilização do óvulo pelo espermatozoide ocorre durante a trajetória do óvulo através da trompa de Falópio. Entretanto, quando esta apresenta obstruções ou cicatrizes, o percurso do óvulo pode ser interrompido, impossibilitando o encontro com o espermatozoide e, consequentemente, a fertilização.
Distúrbio no útero provoca infertilidade feminina
A fecundação ocorre quando o óvulo fertilizado se fixa, ou implanta-se, no revestimento do útero. Existem, porém, algumas complicações uterinas que podem dificultar essa etapa crucial para a gravidez, onde se incluem:
- Miomas – que são tumores benignos situados no interior do útero, e os
- Pólipos – crescimento excessivo do endométrio, muitas vezes ocasionado pela presença de miomas.
Muco cervical e infertilidade feminina
Localizado na parte superior da vagina, encontramos o colo ou a entrada do útero, também conhecido como colo do útero. Para a fecundação acontecer, o esperma precisa viajar por esse caminho até atingir o útero e as trompas de Falópio.
Durante o período de ovulação, o muco cervical normalmente se apresenta mais fino e aquoso, facilitando a natação do esperma. Entretanto, em algumas mulheres, esse muco pode se mostrar mais espesso, o que pode criar obstáculos à progressão do esperma.
O impacto da endometriose na fertilidade feminina
A endometriose é uma condição caracterizada pela migração de células do revestimento do útero (o endométrio) para outras partes da pelve. Esta situação pode causar danos às trompas de falópio e aos ovários, o que acaba comprometendo o movimento do óvulo e do esperma.
Ainda que não cause danos diretos às trompas de falópio ou aos ovários, a endometriose pode interferir na fertilização, no desenvolvimento do embrião e na sua implantação no útero.
Diagnóstico da infertilidade feminina
A suspeita de infertilidade é avaliada por meio de diversos exames aplicados tanto na mulher quanto no parceiro. Entre os procedimentos realizados na mulher, incluem-se:
- Avaliação física – que compreende o histórico médico da paciente;
- Testes sanguíneos – utilizados para detectar hormônios ligados à ovulação;
- Ultrassonografias – visam identificar a possível presença de miomas.
Paralelamente, o sêmen do parceiro pode ser submetido a análises para confirmar sua fertilidade.
Tratamentos para a infertilidade feminina
Tratamento cirúrgico. Existem casos em que a infertilidade feminina resulta de bloqueios ou disfunções nos órgãos reprodutivos, os quais podem ser corrigidos cirurgicamente. A laparoscopia e a histeroscopia são técnicas comumente usadas para remover miomas, pólipos, endometriose ou cistos ovarianos, ou corrigir anormalidades uterinas. Em situações mais complexas, uma cirurgia aberta pode ser necessária.
Indução da Ovulação. Mulheres que enfrentam períodos irregulares ou ausentes podem ter sua ovulação estimulada por medicamentos. O citrato de clomifeno é um exemplo de medicamento oral utilizado, enquanto certos hormônios injetáveis podem estimular diretamente a ovulação. No entanto, estes tratamentos requerem monitorização cuidadosa para evitar complicações como a síndrome de hiperestimulação ovariana.
Reprodução Assistida. As Tecnologias de Reprodução Assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV) é um método avançado que envolvem a manipulação de óvulos e espermatozoides em laboratório. Estes processos envolvem a recolha de óvulos, que são então fertilizados in vitro e posteriormente transferidos para o útero da mulher. Quando houver embriões excedentes, estes podem ser congelados para futuras tentativas.
Atualmente, a medicina dispõe de uma variedade expressiva de tratamentos efetivos que tornam possível o alcance do anseio profundo de tornar-se mãe. Permaneça com a esperança acesa, pois cada avanço é um progresso em direção à realização do seu sonho de maternidade.