Inteligência emocional (IE) é a capacidade de reconhecer suas emoções, entender o que elas estão lhe dizendo e perceber como suas emoções afetam outras pessoas.
O conhecimento e controle sobre suas próprias emoções e comportamentos é essencial em sua jornada pessoal e profissional.
Conforme Daniel Goleman, autor do best-seller “Inteligência Emocional”, a IE possui 80% de influência em nosso sucesso, enquanto os outros 20% são atribuídos ao quociente de inteligência (QI).
A IE e o QI se complementam. O primeiro está relacionado com a forma com que você controla as suas emoções e o segundo com a sua capacidade de processar informações.
Normalmente, não são as pessoas mais inteligentes as mais bem-sucedidas ou as mais realizadas na vida.
Você provavelmente conhece pessoas que são academicamente brilhantes, mas que são socialmente ineptas e malsucedidas no trabalho ou em seus relacionamentos pessoais.
Não é por acaso que a inteligência emocional é um tema em grande ascensão, e muitas pessoas afirmam que essa é uma busca constante em suas vidas.
Tópicos abordados neste artigo:
ToggleOs 3 C's da Inteligência Emocional
As características fundamentais da Inteligência Emocional são frequentemente resumidas em três conceitos centrais, conhecidos como os “3 C’s”:
Consciência – manter-se atento às suas próprias emoções, desenvolvendo a autoconsciência para identificar como essas emoções afetam os outros.
Compaixão – cultivar empatia em relação aos demais, demonstrando a habilidade de se identificar e compreender os desejos, necessidades e perspectivas das pessoas ao seu redor.
Conectividade – possuir a capacidade de se relacionar bem com os outros. É frequentemente perceptível a facilidade em interagir e apreciar pessoas dotadas de boas habilidades sociais, sendo isso um indicativo adicional de alta inteligência emocional.
Desenvolvendo a inteligência emocional
Na sua obra “Inteligência Emocional – Por que pode ser mais importante que o QI”, lançada em 1995, o renomado psicólogo norte-americano Daniel Goleman propôs uma estrutura baseada em cinco competências, delineando os alicerces que compõem a inteligência emocional.
Estas são: Autoconsciência, Autorregulação, Motivação, Empatia e Habilidades Sociais.
É natural que algumas pessoas tenham uma ou duas dessas habilidades mais desenvolvidas do que outras, e isso é comum, já que as habilidades emocionais podem variar de pessoa para pessoa.
Desenvolver inteligência emocional não é uma tarefa simples. Há uma considerável distância entre adquirir conhecimento sobre inteligência emocional e efetivamente aplicar esse entendimento em sua vida.
Para tornar-se inteligente emocionalmente requer aprimorar cada uma das competências abaixo.
Autoconsciência
A autoconsciência é a primeira competência da IE, que envolve o conhecimento e reconhecimento das nossas próprias emoções e sentimentos.
Para o desenvolvimento dessa competência, algumas práticas irão estimular seu desenvolvimento.
Prática da Atenção Plena (Mindfulness):
- Reserve um tempo diário para praticar a atenção plena. Isso envolve focar conscientemente no momento presente, observando seus pensamentos e emoções sem julgamento.
Autoanálise Regular:
- Dedique momentos para refletir sobre suas ações, reações e decisões. Pergunte a si mesmo como você se sente em determinadas situações e por quê.
Mantenha um Diário Emocional:
- Anote suas emoções ao longo do dia. Isso pode ajudar a identificar padrões emocionais e compreender melhor as causas subjacentes.
Feedback Externo:
- Busque feedback honesto de amigos, familiares ou colegas sobre como eles percebem suas emoções e comportamentos. Isso pode fornecer insights valiosos.
Exercícios de Visualização:
- Tire um tempo para visualizar situações desafiadoras e observe suas reações emocionais. Isso pode ajudar a preparar-se para lidar melhor com essas situações no futuro.
Ao incorporar essas práticas no seu cotidiano, você estará desenvolvendo gradualmente a autoconsciência e fortalecendo sua inteligência emocional.
Autogestão
A autogestão ou controle emocional, refere-se à habilidade de gerenciar as nossas emoções de forma adequada. Para isto, devemos ser craques em autoconsciência, ou seja, identificar cada emoção que sentimos.
O controle das emoções não se resume a nunca explodir, mas sim ter a habilidade de discernir o momento apropriado para tal expressão e avaliar se ela é verdadeiramente necessária.
Imagine a seguinte situação:
Paulo, funcionário da Guanabara, acordou um pouco tarde para ir ao trabalho e percebeu que chegaria atrasado para uma reunião com seus colegas e chefe.
Sem tomar café, ele correu para a garagem para pegar o carro. Ao avistá-lo, notou que estava amassado, recordando-se naquele momento que seu filho o havia usado na noite anterior.
Mesmo com o carro danificado, Paulo decidiu seguir para o trabalho. No trajeto, uma onda de raiva e irritação tomou conta dele, desencadeando pensamentos negativos.
Sentia-se profundamente incomodado pela situação de ter seu carro amassado e pela inevitável consequência de chegar atrasado ao trabalho.
Em um determinado momento, ele sentiu medo de perder o emprego, pois já tinha cometido outras faltas.
Ao chegar ao trabalho, todos já o aguardavam para dar início à reunião, e o seu chefe chamou sua atenção, apontando sua irresponsabilidade.
Nesse momento, Paulo, já bastante estressado, poderia ter duas reações distintas, a depender da emoção que exacerbasse – Medo ou Raiva?
As emoções que experimentamos influenciam diretamente nossos sentimentos, os quais, por sua vez, impactam nosso pensamento e ação.
Vamos supor que a emoção predominante em Paulo, da empresa Guanabara, seja a raiva no momento em que o chefe chame a sua atenção.
É importante compreender que o comportamento e as ações de uma pessoa diante das situações estão intrinsecamente ligados ao contexto em que ela se encontra.
Isto nos faz compreender que:
Compreender por que pessoas normalmente educadas e calmas agem de maneira agressiva em certas situações pode ser desconcertante. É como se, em determinados momentos, nos deparássemos com uma versão desconhecida dessas pessoas próximas.
A explicação muitas vezes reside na carga emocional e nos sentimentos negativos que podem estar sobrecarregando a pessoa. Às vezes, basta um pequeno desencadeador para que essa explosão ocorra.
Portanto, é crucial lembrarmos que as ações enérgicas de terceiros não se resumem apenas ao gatilho imediato, mas são reflexo de uma complexa rede emocional. Entender esse contexto pode nos ajudar a lidar de maneira mais compreensiva e empática com as reações das pessoas ao nosso redor.
A inteligência emocional não se resume apenas ao gerenciamento das próprias emoções e sentimentos; ela também abrange a habilidade de identificar e gerenciar as emoções e sentimentos dos outros.
Vale ressaltar que não existe emoções boas ou ruins e sim comportamentos destrutivos e construtivos.
Quem nunca realizou um excelente trabalho motivado pela raiva. Imagine alguém que, após enfrentar uma situação frustrante ou desafiadora, sente uma intensa raiva e deseja provar algo a si mesmo ou aos outros.
Essa emoção, ao invés de paralisar a pessoa, serve como um impulso para que ela se esforce mais, concentre sua energia e alcance um desempenho notável.
Portanto, é crucial compreender que todos experimentaremos uma ampla gama de emoções, e o que faz a diferença é a forma como escolhemos agir diante delas.
Procure manter suas emoções sob controle quando as coisas não saírem como esperado, pois isso não apenas influencia seu bem-estar pessoal, mas também impacta positivamente sua jornada profissional e pessoal.
Já imaginou se o Paulo, colaborador da Guanabara, ao deparar-se com o imprevisto do carro amassado, refletisse da seguinte maneira:
“Apenas quem possui um veículo enfrenta esse inconveniente, considerando que muitos colegas vão para o trabalho a pé. Enquanto estou a caminho no meu carro, que em breve estará impecável novamente.”
Mesmo que o Paulo chegasse atrasado ao trabalho, sua mente estaria serena. Mesmo diante de uma repreensão do chefe, ele manteria o controle sobre suas emoções, pensamentos e sentimentos, agindo com sensatez e prontamente se desculpando.
Essa atitude revela não apenas maturidade profissional, mas também um entendimento profundo sobre as prioridades e a capacidade de manter a paz interior diante dos desafios cotidianos.
Como desenvolver a autogestão?
Compreender o que deve ser feito não garante a ação, especialmente durante momentos tensos e de elevado estresse, que podem sabotar as melhores intenções.
Para efetuar uma mudança duradoura em seu comportamento, resistindo à pressão, é necessário aprender a lidar com o estresse no momento presente e nos relacionamentos, mantendo-se emocionalmente consciente.
Assim como a autoconsciência, cultivar a autogestão, que é um dos pilares da inteligência emocional, demanda prática e a realização constante de atividades que promovam esse desenvolvimento ao longo do dia a dia.
Autoconsciência:
- Comece entendendo suas próprias emoções. Esteja atento aos sinais emocionais que seu corpo e mente enviam.
- Identifique padrões em suas reações emocionais, reconhecendo como você costuma responder a diferentes situações.
Aceitação:
- Aceite suas emoções, mesmo aquelas consideradas negativas. Reconhecer e validar o que você está sentindo é o primeiro passo para a autogestão.
Respiração e Mindfulness:
- Práticas de respiração profunda e mindfulness podem ajudar a acalmar a mente e reduzir o impacto negativo das emoções intensas.
Análise de Pensamentos:
- Avalie seus pensamentos de maneira objetiva. Questione padrões de pensamento negativos e busque perspectivas mais equilibradas.
Estabelecimento de Metas:
- Defina metas realistas e alcançáveis. Isso pode proporcionar uma sensação de controle sobre sua vida e emoções.
Gestão do Tempo:
- Organize suas tarefas e compromissos para evitar situações de estresse desnecessário.
Comunicação Assertiva:
- Aprenda a expressar suas emoções de maneira clara e assertiva. Isso pode ajudar a evitar conflitos e a resolver mal-entendidos.
Desenvolvimento Contínuo:
- Esteja aberto ao aprendizado constante. Identifique áreas específicas em que você gostaria de melhorar e busque recursos para aprimorar suas habilidades emocionais.
Lembre-se de que o desenvolvimento da autogestão é um processo contínuo. Praticar regularmente essas estratégias pode contribuir para uma maior habilidade em lidar eficazmente com suas emoções.
Automotivação
O terceiro pilar é a automotivação, que é a capacidade de estabelecer metas motivadoras e persistir diante dos desafios para alcançá-las.
Desenvolver a automotivação envolve cultivar habilidades e práticas que impulsionem o ânimo pessoal e a vontade de alcançar metas. Aqui estão algumas sugestões:
Defina Metas Claras e Realistas:
- Estabeleça metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazos definidos (SMART). Isso fornece direção e clareza.
Encontre Propósito nas Atividades:
- Conecte suas tarefas diárias a um propósito maior. Compreender o significado por trás do que faz pode aumentar a motivação intrínseca.
Celebre Pequenas Conquistas:
- Reconheça e celebre progressos, mesmo os menores. Isso mantém a motivação ao longo do tempo.
Crie um Ambiente Positivo:
- Mantenha um ambiente de trabalho ou estudo positivo. Decore seu espaço com elementos inspiradores e mantenha-se longe de distrações negativas.
Aprenda com os Desafios:
- Encare os desafios como oportunidades de aprendizado. Cada obstáculo superado contribui para o crescimento pessoal.
Estabeleça Hábitos Produtivos:
- Desenvolva rotinas que favoreçam a produtividade. Hábitos consistentes ajudam a manter a automotivação ao longo do tempo.
Mantenha um Diário de Conquistas:
- Anote suas realizações diárias e conquistas. Isso cria um registro tangível do seu progresso.
Cuide da Saúde Mental e Física:
- Pratique autocuidado, incluindo exercícios físicos, boa alimentação e descanso adequado. Uma mente e corpo saudáveis contribuem para a motivação.
Busque Inspiração Externa:
- Leia livros, ouça palestras motivacionais ou siga pessoas inspiradoras. A motivação muitas vezes pode ser impulsionada por fontes externas.
Divida Metas em Etapas Menores:
- Divida metas maiores em tarefas menores e mais gerenciáveis. Isso torna o processo mais acessível e menos avassalador.
Lembre-se, a automotivação é um processo contínuo que envolve autocompreensão, autogestão e o cultivo de uma mentalidade positiva. Experimente diferentes abordagens e descubra o que funciona melhor para você.
Empatia
O quarto pilar é a empatia, que envolve a habilidade de compreender e compartilhar as emoções e perspectivas dos outros.
A empatia é a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa, colocando-se no lugar dela. É a habilidade de reconhecer e respeitar as emoções dos outros, demonstrando compreensão e cuidado.
Desenvolver empatia pode fortalecer relacionamentos interpessoais, melhorar a comunicação e contribuir para um ambiente mais colaborativo. Aqui estão algumas maneiras de cultivar a empatia:
Escute Atentamente:
- Esteja presente quando alguém estiver falando. Preste atenção não apenas às palavras, mas também aos sentimentos subjacentes.
Pratique a Escuta Ativa:
- Faça perguntas abertas e reflexivas para demonstrar interesse genuíno pelo ponto de vista da outra pessoa.
Veja o Mundo pelo Ponto de Vista do Outro:
- Tente compreender as experiências e perspectivas dos outros, considerando suas circunstâncias únicas.
Evite Julgamentos Precipitados:
- Suspenda julgamentos rápidos e esteja aberto a compreender o contexto antes de formar opiniões.
Mostre Empatia Não Verbal:
- Use expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz que indiquem compreensão e apoio.
Demonstre Interesse Genuíno:
- Pergunte sobre o bem-estar das pessoas e esteja disposto a oferecer ajuda quando necessário.
Pratique a Paciência:
- Reconheça que as pessoas podem processar emoções de maneiras diferentes e em ritmos distintos.
Aprenda com Experiências Alheias:
- Leia livros, assista a filmes ou ouça histórias que ofereçam insights sobre diferentes perspectivas e vivências.
Cultive a Consciência Emocional:
- Esteja ciente das suas próprias emoções para melhor compreender as emoções dos outros.
Desenvolva a Comunicação Empática:
- Utilize linguagem que transmita compreensão e apoio, expressando empatia verbalmente.
Participe de Atividades Voluntárias:
- Envolva-se em ações que permitam interações com diferentes grupos e realidades, promovendo a empatia prática.
Pratique a Tolerância:
- Aceite as diferenças e esteja aberto a compreender perspectivas que podem ser distintas das suas.
A empatia é uma habilidade que pode ser aprimorada com prática e consciência. Quanto mais você se esforça para entender as emoções dos outros, mais naturalmente a empatia se desenvolverá em suas interações diárias.
Habilidades Sociais
Por fim, o quinto pilar são as habilidades sociais, que são as aptidões para interagir e se relacionar efetivamente com os outros.
As habilidades sociais referem-se à capacidade de interagir efetivamente com outras pessoas em diferentes situações sociais. Essas habilidades envolvem comunicação eficaz, empatia, escuta ativa, assertividade e a capacidade de construir e manter relacionamentos saudáveis. Para desenvolvê-las:
Pratique a Escuta Ativa:
- Esteja presente durante as conversas, faça perguntas para demonstrar interesse e evite interrupções.
Cultive a Empatia:
- Tente compreender as emoções e perspectivas dos outros, colocando-se no lugar deles.
Aprimore a Comunicação Não Verbal:
- Esteja consciente da linguagem corporal, gestos e expressões faciais.
Exercite a Comunicação Assertiva:
- Expresse suas opiniões e necessidades de maneira clara, respeitosa e direta.
Pratique a Tolerância:
- Aceite e respeite as diferenças de opiniões e valores nas interações sociais.
Desenvolva Habilidades de Resolução de Conflitos:
- Aprenda a lidar com conflitos de maneira construtiva.
Participe de Atividades de Grupo:
- Envolva-se em atividades sociais que proporcionem oportunidades para interações e colaboração.
Pratique a Paciência:
- Reconheça que as relações sociais exigem tempo para se desenvolverem.
Estimule a Colaboração:
- Trabalhe em equipe, colabore em projetos e contribua para o sucesso coletivo.
Desenvolver essas habilidades é um processo contínuo que envolve prática, reflexão e aprendizado. Ao se envolver em interações sociais, você terá oportunidades para aprimorar suas habilidades ao longo do tempo.